A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que busca restabelecer a obrigatoriedade do diploma para jornalistas levanta debates intensos sobre o futuro da profissão e a qualidade da informação no Brasil. Para explorar o tema, o Ponto Entrelinhas entrevistou o jornalista Rodolfo Abreu, que atua como assessor de comunicação no Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional do Rio de Janeiro (Crefito-2).Seu trabalho na Autarquia fundamenta a discussão da necessidade de criação de um órgão de fiscalização profissional como o Conselho Federal dos Jornalistas.
Na conversa, ele destacou como a valorização da formação acadêmica pode impactar positivamente o mercado, reforçando a ética e a responsabilidade na produção de conteúdo. “O diploma é mais que um papel; é um compromisso com a verdade e com a sociedade”, afirma.
Durante o bate-papo, o especialista assegurou que a medida vai além da valorização profissional: ela busca garantir à população o acesso a informações éticas, verificadas e responsáveis, pilares fundamentais do jornalismo de qualidade.
“O Jornalismo é uma profissão essencial para a sociedade, pois trabalha com a informação, que é um bem precioso. Com ela, a população acessa conhecimento e se empodera para exigir seus direitos e entender melhor sua realidade, seja local ou global”, afirmou Rodolfo Abreu, ressaltando a importância da PEC para fortalecer a qualidade do conteúdo produzido.
Nos últimos anos, a ausência de obrigatoriedade do diploma permitiu que profissionais sem formação específica ocupassem espaço no mercado, muitas vezes sem o rigor técnico e ético que a profissão exige. A internet e as redes sociais ampliaram o acesso à comunicação, mas também abriram espaço para desinformação e uso inadequado do título de “jornalista”.
“Temos visto pessoas que não são formadas se apresentarem como jornalistas. Isso pode resultar em informações rasas, enviesadas ou até falsas. O diploma traz uma base sólida que garante a apuração, a checagem e a imparcialidade, valores indispensáveis ao bom Jornalismo”, explicou.
A influência da internet e das redes sociais, associada ao crescimento de influenciadores digitais, também tem afetado o mercado. “Hoje, quem tem mais seguidores acaba sendo mais valorizado, independentemente da formação ou da qualidade da informação que produz. Isso reforça a necessidade de diferenciarmos jornalistas de criadores de conteúdo”, acrescentou o especialista.
Além disso, o avanço das inteligências artificiais na produção de conteúdo apresenta novos desafios. Embora possam ser ferramentas úteis, ainda estão longe de substituir o trabalho humano, especialmente na apuração e humanização das notícias. Para o entrevistado, as universidades precisam incluir o estudo dessas tecnologias nos currículos, preparando jornalistas para utilizá-las de forma ética e responsável.
Questionado se a obrigatoriedade do diploma afetaria a liberdade de expressão, o entrevistado foi categórico: “Não. A liberdade de expressão segue intacta. Pessoas que não são jornalistas podem continuar contribuindo como colunistas, especialistas ou fontes de opinião. O que a PEC faz é garantir que o jornalismo seja exercido por quem tem formação específica, para assegurar o rigor ético e técnico que a profissão exige.”
A aprovação da PEC é vista como um passo essencial para o fortalecimento do jornalismo no Brasil, promovendo transparência e qualidade na informação que chega à sociedade. O debate sobre o tema segue aquecido, trazendo à luz a relevância da profissão em tempos de desinformação crescente e transformação tecnológica.
Confira a entrevista na íntegra com o Jornalista Rodolfo Abreu clicando aqui.